PM/PA abandona mais de 200 veículos após locação

A segurança pública no Pará parece que está esbanjando dinheiro, embora os índices de violência continuem elevados por todo o Estado, principalmente em Belém. Após alugar 450 carros de passeio por R$ 20 milhões da empresa Delta Construções em um contrato que atiçou o faro investigativo do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado, a Polícia Militar aposentou 200 veículos ainda em bom estado e que, com alguns reparos não muito caros, poderiam estar nas ruas no combate à violência urbana.

Os veículos retirados de circulação estão no pátio do quartel do Comando Geral e ninguém sabe dizer qual o destino que terão. Um oficial disse ao DIÁRIO ter ouvido que os carros serão transformados em sucata, embora haja quem defenda que eles sejam leiloados. Quais os problemas mecânicos ou de lataria que levaram o comando a aposentar veículos bem mais possantes do que os da marca Pálio 1.0 locados através da empresa Delta?

Para um oficial, que por temer represálias do comando não se identifica, o maior problema da maioria dos veículos que saíram das ruas é mecânico. A minoria apresenta ava-

rias e desgaste de pneus. Nada que não pudesse ser resolvido sem gastar muito dinheiro. O que é lamentável, segundo o militar, é que entre os 200 carros aposentados precocemente muitos estão parados por motivos banais, como falta de manutenção.

A PM alega não ter recursos para manter as viaturas em funcionamento e que o dinheiro da manutenção sairia elevado para conservar carros cujo período de vida útil estaria vencido. Um tenente disse que a alegação é falaciosa. As novas viaturas da Delta, diz ele, foram o pretexto para encostar os carros no quartel, agora chamados de “carroças”. Também teria sido a maneira encontrada pelo comando para encontrar motoristas para os automóveis que chegaram.

PRÁTICA

O diretor de Finanças da PM, coronel Ailton da Silva Dias, chegou a declarar ao DIÁRIO, em julho passado, que as 450 viaturas alugadas se somariam à frota própria militar para reforçar o policiamento nas ruas. Os fatos, porém, diferem das declarações do coronel. A aposentadoria de 200 viaturas da corporação prova que a PM aplicou a teoria do lençol, que cobre a cabeça, mas deixa de fora os pés. (Diário do Pará)

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