Mauro Panzera confessa em nota ser autor de panfletos caluniadores.

Confesso! Fui um dos autores do panfleto “Anos Rebeldes, próximo capítulo”. Esse panfleto, pra quem não sabe, era da UBES e da UNE e convocou a primeira passeata do Fora Collor. No dia 11 de setembro de 1992, milhares de estudantes invadiram a Avenida Paulista pedindo a cabeça do Presidente da República. 
Eu era Coordenador Geral da UBES. E o panfleto chamava o Collor de ladrão, antes de isso ser provado. Fiz dezenas de outros panfletos, cartazes e faixas com igual teor. Desculpe Fernando Collor. Mas obrigado por não ser mais presidente.
Também confesso! Incitei milhares de estudantes a quebrarem ônibus nas passeatas pela meia-passagem no início da década de 90. Eu era presidente da UMES (União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas) e sou um dos culpados pela paralização do trânsito, pela devastação do antigo bambuzal da Praça do Operário e pela preocupação de pais e mães com seus filhos adolescentes que andavam em perigosas passeatas.
Desculpe senhores empresários de ônibus. Desculpem senhores governadores Jader Barbalho, Carlos Santos e Hélio Gueiros. Mas obrigado pela meia-passagem.
Também, ainda garoto, gritei que a UDR era assassina na passeata que enterrou Paulo Fonteles. Um gesto irresponsável que eu, confesso, repeti nos enterros de João Canuto, Expedito, João Batista e tantos outros.
Eu podia aqui dividir a culpa por esses crimes. Dizer que nada disso foi feito sozinho. Podia dizer que alguns políticos nos influenciaram. Afinal, recebemos apoio do vereador Jordy, pra fazer quebra-quebra de ônibus (várias vezes). O deputado Edmilson ia pras nossas passeatas. A vereadora e depois deputada Socorro Gomes sempre fazia discursos. O Ganzer e a Sandra batista também davam uma força. Mas dividir a culpa poderia prejudicar alguns desses líderes, liga-los a atos ilegais. Inclusive poderia constranger os que mudaram de lado.
Confesso também que chamei o Sarney de ladrão, o FHC de privatista, o Almir de assassino de sem-terra. Também disse por aí que o Jatene quebrou o Pará. Desculpem senhores.
E agora, desculpe-me também senador Flexa Ribeiro. 
Não por ter feito um panfleto da UNE, UMES, UBES, não por distribuí-lo. Porque pra me imputarem isso a gente ainda vai dar uma boa brigadinha. Mas peço desculpas por concordar com o teor dele. Se eu ainda fosse estudante, botaria minha própria assinatura nele. Já que eu fiz tanta bobagem antes, como confessei acima, mais essa não seria problema.
O panfleto que “esculhamba” o senador mostra uma foto dele preso. Coisa que ele realmente foi, diga-se. Diz que ele é acusado pela participação no escândalo da Pororoca, coisa que ele é mesmo. Diz que ele é componente da mais raivosa direita branca deste país. Diz que ele foi honrado com o prêmio de Inimigo da Amazônia, dado pelo Greenpeace e várias outras entidades. E mostra uma grande listagem de votos desse senhor contra o governo do Presidente Lula. Tudo fato.
O senhor Flexa votou contra a CPMF, tirando 40 bilhões da saúde pública. O senhor Flexa votou contra a capitalização do BNDES. Flexa votou contra a criação do Ministério da Igualdade Social. Votou não ao projeto de modernização do turismo brasileiro. O senhor Flexa passou seis anos votando contra o Brasil.
É isso que diz o panfleto dos estudantes. E é tudo verdade.
Por isso vou confessar mais um pequeno delito, afinal o voto é secreto. Não votarei no senador. Ele é a pior alternativa para o Pará.

Mauro Panzera

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