Amazonino declarado persona non grata

Por unanimidade, os vereadores de Belém aprovaram voto de repúdio e de persona non grata ao prefeito de Manaus (AM), Amazonino Mendes (PTB), que, em uma discussão registrada por uma equipe de TV anteontem, disse à paraense moradora de Manaus que morresse. O documento aprovado pelos 35 vereadores de Belém será enviado pela Câmara de Belém à Câmara de Manaus e à prefeitura local.
Quatro vereadores reagiram com as propostas de repúdio e de tornar o prefeito manauara em persona non grata em Belém. Os requerimentos foram assinados em conjunto pelo presidente da Câmara, Raimundo Castro (PTB), além dos vereadores Abel Loureiro (DEM), Otávio Pinheiro (PT) e Antônio Vinagre (PTB). Os vereadores consideraram o ato de Mendes preconceituoso e discriminatório contra o povo paraense “quando se referiu diretamente de forma pejorativa a uma cidadã paraense, ofendendo a dignidade e a essência da cidadania e da democracia que a mesma representava”.
O presidente da Câmara definiu a postura do prefeito de Manaus como um “ato grosseiro e mal-educado”, que demonstra o despreparo político de Amazonino Mendes. “Esse tipo de pensamento preconceituoso tem de ser banido da política”, completou o vice-presidente da Casa, vereador Adalberto Aguiar (PT).
O líder do PT, vereador Marquinho Silva, propôs também que o Legislativo de Belém exorte ao Legislativo de Manaus, a fim de que inicie um processo de cassação do prefeito Amazonino Mendes “por falta de condições de administrar a cidade”.
Antônio Vinagre alegou ter certeza que a postura e as palavras preconceituosas do prefeito de Manaus contra uma paraense pobre e que mora próximo de encostas por falta de moradia digna não representa o pensamento do povo amazonense. “Tenho certeza que o povo amazonense não concorda com isso”, proferiu Vinagre.
IMPEACHMENT
O PSB em Manaus, partido de oposição ao prefeito Amazonino Mendes, estuda a possibilidade de propor o pedido de impeachment do gestor por falta de decoro ao cargo, causado pelo episódio contra a moradora paraense. O vereador Joaquim Lucena (PTB) disse na sessão de ontem na Câmara de Manaus que o caso de xenofobia não foi um desrespeito aos paraenses, mas “com a sociedade em geral”, segundo informam os jornais de Manaus.
Lucena declara que seu partido deverá analisar a cassação do prefeito, mas o vereador admite que ainda não conversou sobre a medida com os outros integrantes da oposição no Legislativo municipal. Mesmo que a cassação do prefeito não vingue, Lucena quer que Amazonino Mendes sofra “uma severa punição” pela ofensa.
“Ele deve estar doente”
A Assembleia Legislativa vai apreciar requerimento que prevê repúdio ao prefeito Amazonino Mendes. A proposta é de Edmilson Rodrigues (PSOL) e foi subscrita pelos deputados Junior Ferrari (PTB) e Carlos Bordalo (PT).
“Vi as imagens e fiquei revoltado, constrangido”, disse Edmilson que classificou a atitude de “fruto de um preconceito atroz, insuportável e inaceitável”.
As declarações de Amazonino foram alvo de críticas severas na AL. “A única explicação para que um homem com experiência, ex-governador, tenha uma atitude daquela é estar doente, mas se é isso ele tem que se afastar do cargo”, disparou o petista Carlos Bordalo.
“Acho um absurdo. O povo de Manaus não merece o prefeito que tem. O povo do Amazonas tem uma rixa com os paraenses, mas isso não é recíproco”, afirmou Celso Sabino, dizendo que Mendes costuma passar o Círio no Pará e ser bem recebido.
O líder do governo na AL, Márcio Miranda (DEM), disse que não se deve incentivar a rixa entre os Estados, mas também repudiou a atitude de Amazonino.
“Muitas pessoas sempre estimularam uma briga entre o Pará e o Amazonas e a gente tem que parar com isso. Não se trata da briga de um povo contra o outro. São os direitos de uma pessoa e o direito de uma cidadã paraense e brasileira que foram violados”.
O líder do PSDB na AL, José Megale, disse não ver razão para essa rixa, já que o Amazonas e o Pará têm relações em várias áreas, inclusive comerciais. “É a produção do oeste do Pará que garante parte da carne e farinha que abastecem as feiras de Manaus”, lembrou. “Nada justifica essa forma arrogante de ser referir a uma paraense”, completou. (Diário do Pará)

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