Pesquisa mostra violência no entorno de escolas de Belém

Evidenciar o perfil dos moradores da Avenida Barão de Igarapé Miri, no bairro Guamá, em Belém, e identificar quais tipos de delitos eles sofreram ou presenciaram no entorno das escolas públicas ao longo de toda a Avenida (início na Av. José Bonifácio e final no Igarapé do Tucumduba). Com esse objetivo e a fim de buscar subsídios para intensificar as práticas de extensão no entorno da Universidade Federal do Pará, a Pró-Reitoria de Extensão encomendou ao Laboratório de Sistema de Informação e Georreferenciamento (Lasig), vinculado ao curso de Estatística da UFPA, um “Diagnóstico da Situação de Violência no Entorno das Escolas Públicas da Avenida Barão de Igarapé Miri.”

A pesquisa utilizou a metodologia estatística de amostragem aleatória simples, com erro amostral máximo de 6,5%, o que possibilitou entrevistar cerca de 250 moradores das proximidades de seis escolas públicas: Escola Estadual Barão de Igarapé Miri; Lar Fabiano de Cristro (Infocentro); Escola Estadual Frei Daniel; Escola Municipal Padre Leandro Pinheiro; Escola Estadual Celina Anglada e Escola Municipal Edson Luiz.

Estatística da violência - Sob a coordenação da professora Sílvia Almeida, do Lasig, a investigação constatou que, aproximadamente, 16% dos moradores já foram vítimas da falta de segurança, sendo que 57% dos delitos alegados ocorreram na Av. Barão de Igarapé Miri, dos quais, 95% foram roubo.  “Podemos ressaltar que a maior parte dos delitos ocorreu nas proximidades da Escola Edson Luiz, seguido dos que ocorreram no entorno da Escola Profª Celina Anglada”, destaca a professora.

A pesquisa também constatou que 55% dos moradores já presenciaram algum crime na área, a maioria protagonizada por até dois agressores, portando arma de fogo, principalmente às sextas-feiras e aos sábados, no turno da tarde. A pesquisa foi realizada no dia 5 de Outubro de 2010 e leva em consideração o período de outubro de 2009 a setembro de 2010.

Outro ponto importante observado é que grande parte das vítimas não pediu auxílio policial após tais situações e não registrou ocorrências após a situação, por medo de retaliação. Um total de 66% dos moradores alega a falta de policiamento do tipo ronda, ao longo da Avenida, como o principal fator que contribui para a ocorrência de delitos no entorno das escolas. Segundo os moradores, demais fatores seriam a venda de drogas na área, a falta de estrutura familiar e a falta de policiamento. De acordo com o que os moradores apontaram, as escolas públicas do local não oferecem lazer aos seus alunos nos fins de semana, nem cursos à comunidade.

Cultura e ciência - Segundo explica o pró-reitor de Extensão da UFPA, professor Fernando Arthur Neves, a pesquisa foi encomendada com a intenção de buscar subsídios para direcionar à ampliação dos espaços de intervenção em extensão da UFPA, para o ano de 2011, no corredor de uma das avenidas mais movimentadas do bairro Guamá. “É preciso consolidar ações para que, em vez de violência, a Barão se torne um corredor de cultura e ciência”, afirma Fernando Arthur. Algumas atividades de extensão já são desenvolvidas pela UFPA nas referidas escolas, como a criação de campo de estágio para estudantes.

O pró-reitor explica, ainda, que “a UFPA aumenta sua expertise científica somente com a elaboração do Diagnóstico, que se tornará uma ferramenta aliada para a  elaboração de políticas a serem apresentadas ao poder público, na tentativa de buscar solução para os problemas da localidade”. A Proex deverá convocar, em breve, uma reunião com os diretores das escolas localizadas na Avenida, os representantes da Delegacia do Guamá e do Centro Comunitário do bairro para discutir, conjuntamente, os resultados da pesquisa e pensar em soluções, de forma participativa e democrática. (Assessoria de Comunicação da UFPA)

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