Abel é contrário à Divisão do Pará
"A proposta de criação dos
estados Carajás e Tapajós reflete o sentimento de uma elite regional e não se
relaciona com uma demanda popular. Território e Política andam juntos. A
divisão do Pará representa o sentimento de uma elite regional econômica que
busca mais poder político, mais autonomia com relação à Belém. O povo sempre
esteve alheio a essa questão", disse o vereador Abel Loureiro (DEM) em
pronunciamento na Câmara Municipal de Belém, na reabertura dos trabalhos
legislativos. Leia íntegra.
"E isso está bem estudado pelo
cientista político do governo do Estado, professor Roberto Corrêa, através do
IDESP (Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental). Segundo
Corrêa, as ambições separatistas no sul do Pará existem desde o final do século
XXI, mas começaram a ganhar força na década de setenta, quando o governo
militar incentivou a ocupação da região por meio de grandes obras, como as
rodovias Belém-Brasília e Transamazônica, ou de fronteiras agrícolas. "Com
o Banco da Amazônia, essas elites financiaram a chegada de empresários, o
agronegócio e recrutaram mão-de-obra, sobretudo no Nordeste, sob o slogan
‘homens sem-terra do Nordeste para terras sem homens na Amazônia’. Ora, essa
região foi ocupada por pessoas de vários cantos do país, com outro tipo de
cultura. Não há o sentimento e o espírito do Pará em Carajás".
Na década de 80, uma nova leva de
migrantes chegou a Carajás na corrida pelo ouro em Serra Pelada. Em 1982, a
criação do Programa Grande Carajás e a chegada da Vale do Rio Doce na região
atraíram mais migrantes para os municípios da região. Com as ondas migratórias
e a chegada de grandes agricultores, o cenário de Carajás a partir da década 80
mudou drasticamente.
Atualmente, a região tem mais de
1.400.000 (Um milhão e quatrocentos mil habitantes) (18% da população do Pará)
e um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 19,6 bilhões, o que representa quase 30%
do produto do Pará. Em Carajás está maior reserva mineral do mundo, contendo
minério de ferro de alto teor, estanho, bauxita, manganês, cobre e níquel. A
reserva é explorada pela Vale, hoje a maior empresa privada do país e uma das
maiores mineradoras do mundo.
Apesar da riqueza, Carajás é uma das
regiões mais violentas do país e detém índices acentuados de pobreza. Se for
separado do Pará, Carajás terá o maior índice de homicídios entre todas as unidades
federativas e será o Estado com maior número de mortes no campo. Em Tapajós, o
movimento emancipacionista existe desde a primeira metade do século 19, quando
a cidade de Santarém, a maior da região, era uma comarca do Grão-Pará, assim
como Belém e Manaus. Desde então, as elites políticas e econômicas da região
tentaram em várias oportunidades a separação.
Esfacelo no Congresso Nacional
No que depender da disposição da
bancada paraense no Congresso, a disputa em torno da divisão do Pará em três
novas unidades federativas: Pará (remanescente), Carajás e Tapajós-não é
animadora. A pesquisa evidencia junto aos deputados federais e senadores do
Pará que não há uma posição hegemônica sobre a divisão.
Dos 17 deputados que compõe a bancada
do Estado na Câmara, sete são contra a divisão, cinco a favor e cinco ou
ficarão neutros até o plebiscito ou ainda não definiram posição.
"Com a divisão, cada porção será
gerida e administrada por si mesma, de acordo com suas próprias necessidades. O
Pará remanescente ficará prejudicado com a divisão já que perderá o controle
sobre a produção de minérios, o agronegócio e o escoamento de grãos. Não
podemos sacrificar o Estado-Mãe. "O Pará merece e necessita continuar
grande e forte".(JusBrasil)
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