Entenda como funciona o Sistema de Cotas da UFPA

Em 2012, a Universidade Federal do Pará (UFPA) recebe 7.606 calouros. Mas como as listas de aprovados levam em consideração vários sistemas de cotas, mais da metade dos novos estudantes pode ser considerada “cotista”. A Diretora do Centro de Processos Seletivos (Ceps) da Universidade, Marilucia Oliveira, explica como é contabilizado o resultado do Processo Seletivo da Instituição, a cada ano.
Atualmente, a UFPA mantém quatro tipos de cotas, com vagas reservadas a estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas da rede pública (cota escola), a estudantes da rede pública que se declarem negros ou pardos (cota cor), para estudantes indígenas e para alunos portadores de deficiência (PcDs).
Cota cor e cota escola – Segundo a resolução nº 3.361, de 5 de agosto de 2005, do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPA (Consepe), pelo menos 50% das vagas ofertadas anualmente são reservadas a estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas da rede pública de ensino e, destas, ao menos 40% são reservadas a estudantes que, no ato da inscrição, se declaram negros ou pardos e optam por concorrer neste sistema de cotas.
Marilucia Oliveira explica que o sistema de cota foi criado para tentar possibilitar acesso ao ensino superior público a estudantes da escola pública, considerando que estes alunos possam ter sofrido algum tipo de dificuldade na sua formação. Por isso, alunos bolsistas de escolas particulares, que tiveram acesso a uma qualidade de ensino diferente, não tem direito a se candidatar como cotistas. Pelo mesmo motivo, para se candidatar às vagas é preciso ter cursado todo o ensino médio na rede pública de ensino, o que precisará ser comprovado em caso de aprovação.
Como é feita a distribuição de vagas - Em um curso como Administração, que oferta anualmente, 40 vagas, “diante dos dados, separamos as vagas. Sabemos que 20 delas irão para estudantes de escolas públicas e destas, 8 vagas são para candidatos que se autodeclaram negros ou pardos. Assim, das 20 vagas de cotistas, 8 são para a cota-cor e 12 para a cota-escola, de forma que a cota-cor é um subgrupo da cota-escola e estudantes autodeclarados negros ou pardos participam dos dois grupos de cotas”, exemplifica a diretora.
“Primeiramente, selecionamos os oito candidatos com notas mais altas que se inscreveram para concorrer como cota-cor. Uma vez preenchidas estas oito, os demais não-classificados concorrem no grupo de cota-escola. Com este grupo reunido, hierarquizamos novamente os 12 com notas mais elevadas e que se inscreveram como cotistas, por terem cursado todo o ensino médio na rede pública de ensino”, sintetiza.
Separados os 50% das vagas reservadas aos cotistas, a outra metade será preenchida em uma listagem geral. “Os não-classificados na cota-cor e na cota-escola, voltam para o montante e concorrem com os não–cotistas pelas outras 20 vagas disponíveis em Administração. Assim, garantimos que no mínimo 50% sejam cotistas. Porém pode acontecer de um número maior de estudantes de escola pública ser aprovado simplesmente porque as notas deles foram mais elevadas que as dos que não concorrem nesta condição. Por outro lado, quando o número de aprovados num destes grupos é menos que a oferta de vagas, as vagas remanescentes passam para o outro grupo”, conta Marilúcia Oliveira.
Repescagem: como funciona? – A existência das cotas também tem impacto na hora da repescagem, diante da desistência de candidatos. Quando há desistência observa-se de que perfil foi o desistente. Se a desistência foi de um candidato cotista-cor, a vaga só poderá ser preenchida por candidatos cota-cor. Se for um cota-escola, deverá ser chamado outro cotista, mas desta vez poderá ser tanto um cota-cor, quanto um cota-escola, dependendo de quem tem a maior nota. Já se a desistência for de um não-cotistas qualquer um pode entrar, será levada em consideração a maior nota.
“Esse raciocínio é difícil para os candidatos que ficam na expectativa de serem chamados porque, quando entram no sistema e veem que estão entre os primeiros nas listas de espera e divulgamos as listas de repescagem, sem chamá-los, eles pensam que tem algo errado. O que pode acontecer é que o estudante nesta situação seja não-cotista e todas as desistências tenham acontecido entre cotistas e por isso a vaga da repescagem precisa ser necessariamente preenchidas por cotistas” explica Marilucia Oliveira.(Ascom UFPA)

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