No Pará o Sistema Único de Saúde (SUS) possui apenas 1,5 médicos por cada mil habitantes

O Pará é o segundo estado brasileiro com menos médicos do SUS. Esse é apenas um dos resultados do estudo publicado hoje (10) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Outros indicadores comprovam ainda que a presença do Estado na área da saúde mostra grande desequilíbrio regional no Brasil.
A média nacional de médicos do SUS por cada mil habitantes é de 3,1. Nas regiões Sul e Sudeste este número supera a média (3,7) enquanto nas regiões Norte e Nordeste a média cai para 1,9 e 2,4 respectivamente.
No Pará o Sistema Único de Saúde (SUS) possui apenas 1,5 médicos por cada mil habitantes. A média fica à frente, apenas, do estado do Maranhão. O estudo do IPEA - “Presença do Estado no Brasil: federação, suas unidades e municipalidades” – mostra ainda outros fatores que ressaltam a discrepância entre as regiões, revelando que a maior parte dos profissionais mais bem qualificados está nas regiões mais desenvolvidas economicamente.
Já quanto ao número de leitos de internação pelo SUS, o Pará aparece melhor colocado:  em 12º lugar, com 11.121 leitos. Porém, a distribuição regional continua desigual. A região Norte concentra apenas 7,4% do total de leitos, seguida do Centro-Oeste, com 7,8%, e do Sul, com 16.1%. O Nordeste possui 30,1% dos leitos, enquanto o Sudeste possui 38,7%. São Paulo é o estado com maior concentração de leitos (18%) e o Acre o que tem menor quantidade (0,25% do total).

Internação
As diferenças entre as regiões se repetem nos procedimentos de internação, porém de forma diferente. Na região sudeste, por exemplo, a média de internação é menor que a nacional, já na região Nordeste é igual. Isso, segundo o texto do estudo do IPEA, “pode indicar (...) um número de leitos disponíveis para internação insuficiente para a necessidade da região”.
No entanto, quando apurada a média de internações por médico por 100 habitantes as diferenças voltam ao padrão inicial, ou seja, as regiões Sul e Sudeste apresentam média inferior à nacional, enquanto as outras regiões apresentam mais internações por médico por 100 habitantes. 
Segundo o próprio estudo esse pode ser um indicativo de que há uma “menor necessidade de internações na região Sudeste, a mais desenvolvida economicamente, em virtude de maior oferta de médicos e com melhor distribuição dos pontos de atendimento, enquanto as demais regiões têm oferta menor de médicos e com uma pior distribuição dos pontos de atendimento exigindo maiores deslocamentos da população na busca pelo serviço e a necessidade de permanência em internação para a conclusão de tratamento”, relata o estudo.    
Podemos conferir o reflexo da situação na concentração de leitos e médicos para atendimentos nas capitais dos estados. Segundo o estudo, na região Norte 69% dos municípios têm menos de um médico para mil habitantes. No Nordeste esse número chega a 43%. Já as outras regiões apresentam números bem melhores: 23% no Centro-Oeste, 17% no Sul e 14% no Sudeste.

Comentários

ELES AINDA NÃO DESISTIRAM DE DIVIDIR O NOSSO ESTADO DO PARÁ
Frentes já organizam um “plano B”

Um mês após a histórica consulta popular sobre a divisão do Pará em mais duas unidades federativas: Carajás e Tapajós, apesar da aparente calmaria nos principais polos da campanha em prol da divisão do Estado, a luta pela emancipação promete vir, em breve, com novas estratégias.A Comissão Brandão Pró-Emancipação, em Marabá, trabalha agora com uma segunda opção para a divisão do Estado e a criação do Estado de Carajás, sul e sudeste do Pará. Trata-se do Projeto de Iniciativa Popular (PIP), que deverá conter 1.335.000 de assinaturas, o qual será dado entrada no Congresso Nacional, em no máximo 180 dias.Segundo a cientista da Educação, Magda Alves, presidente da Comissão Mulheres Pró-Carajás, neste momento está sendo feita a fundamentação jurídica do Projeto. “Com base na iniciativa popular, a gente pode pedir qualquer coisa, mas 0.3% das assinaturas têm que ser de outros Estados da federação”, explica. Segundo ela, o Norte do Pará não vai poder interferir, pois não existem ainda os Estados de Carajás e Tapajós, portanto, não poderão impedir a ação.Por outro lado, os deputados federais estão correndo atrás da revisão da lei do plebiscito, para que valha somente o voto das regiões a serem emancipadas.

Presidente da Comissão Brandão Pró-Emancipação de Carajás, José Soares de Moura, afirma que também estão sendo feitas reuniões e que o Projeto de Iniciativa Popular está sendo fundamentado para que as um milhão e duzentos mil pessoas que foram às urnas e votaram “sim” não tenham a sua determinação frustrada.

“Essas pessoas foram às ruas e estão totalmente conscientes da sua insatisfação e que o gerenciamento do Estado e que só com a criação dos novos Estados vamos ter autonomia administrativa”, avalia Soares.


COM FORÇA: “SIM” NA INTERNET

Prova de que o movimento a favor da divisão do Estado não esmoreceu são as atualizações do http://www.simcarajas.com.br/, que inclusive ostenta na home inicial o título “Estado de Carajás:moralmente emancipado em 11 de dezembro de 2011”.

Desejo de emancipação ainda existe

Nas duas regiões que desejavam a emancipação do Pará, coordenadores dos comitês garantem que o desejo pela independência político-territorial continuou fortalecido apesar da vitória do Não. O resultado foi garantido graças à região que seria o Pará remanescente. No oeste, por exemplo, onde ficaria o Estado do Tapajós, a maioria das cidades optou pelo desmembramento.

Em Santarém e Itaituba, os resultados da votação superaram os 97% de ‘sim’. Por conta disso, quem encabeçou o movimento diz que “a luta continua, e, desta vez, com propostas mais amadurecidas e fortalecidas”, como depõe o empresário Afábio Freitas Borges, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itaituba.

Para o também empresário Patrick Sousa, presidente da Associação Empresarial de Itaituba, a partir de agora, reforçados pelos resultados do plebiscito de 11 de dezembro, os grupos que se formaram para trabalhar em cima da proposta precisam se considerar absolutos e firmes em suas informações e buscar uma interação mais efetiva junto ao público eleitor.

“Nós temos que reconhecer que tivemos dificuldades para trabalhar, principalmente por causa das forças contrárias da capital. Não temos absolutamente nada contra o Pará, mas sabemos que, com esta imensa porção territorial, fica humanamente impossível para um governo trabalhar de forma eficiente em todo o estado. Por isso, nós trabalhamos com a ideia de que desmembrado, o Pará se fortalece, e o Tapajós, que é o nosso foco da luta, terá, com certeza, seu crescimento consolidado”, diz.
Depois do resultado divulgado pelo TRE, os grupos se reuniram e fizeram uma avaliação da campanha que se desenvolveu em torno da proposta do desmembramento territorial. Um dos pontos mais enfatizados foi uma nova sugestão que será feita: a mudança da capital paraense para uma cidade que esteja mais centralizada, reduzindo distâncias e facilitando a gestão pública.