A utopia carnavalesca

O Carnaval é uma das mais belas e maiores manifestações culturais do povo brasileiro que de maneira única, ao ano, agrega e igualam ricos e pobres, em longos dias de alegria e diversão. Envolvendo humildes e poderosos em uma igualdade momentânea e alusiva e nos faz lembrar o artigo mais importante da Constituição brasileira, 5ª, que reza que “todos somos iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”, mas infelizmente esta paliativa igualdade possui um curto período e na não esperada quarta feira de cinzas chega ao fim.
Possuímos uma das mais belas e bem formuladas constituições, exemplo para o mundo, mas quando analisamos a sua aplicabilidade e eficácia, percebemos a que ponto chega à injustiça no Estado brasileiro. A saúde, segurança e educação de qualidade são para todos apenas nas palavras, pois na prática nos sentimos excluídos de tantos direitos que nos são garantidos. Igualdade, onde encontrá-la? Se nem mesmo perante as leis somos iguais, os privilégios aos poderosos financeiramente são escancarados. E a quem recorrer? Se até mesmo aqueles que deveriam servir a coletividade, preocupam-se em atender os interesses de poucos.
Entretanto, todas as indagações são esquecidas no Carnaval e mergulhamos na utopia carnavalesca, em que assumimos com perfeição o papel de “bobos da corte” e saímos às ruas para festejar e brincar. E assim os dias vão passando e pouco a pouco vamos retornando a nossa medíocre e injusta realidade, até que a quarta-feira de cinzas nos acorda e nos mostra que estávamos em um sonho e precisamos retornar ao país desigual.
Portanto, é necessário que este mesmo espírito de igualdade direitos entre os cidadãos estenda-se para todo o ano, não apenas no Carnaval, para que assim possamos ter um Brasil mais justo.

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