Laudo aponta erros estruturais como causa do desabamento do Real Class

Uma série de erros técnicos de engenharia. Essas são as causas da queda do prédio Real Class, segundo aponta o laudo feito pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPC), apresentado na manhã desta sexta-feira (15) pelo diretor do CPC, Orlando Salgado, e pela equipe de seis peritos que esteve presente no local do desabamento desde o primeiro dia do acidente. O projeto do Real Class - que tinha 34 andares e desabou dia 29 de janeiro deste ano - tinha erro no projeto estrutural e na concepção do modelo matemático, além de falha no dimensionamento e no detalhamento da estrutura.
O perito Dorival Pinheiro, que coordenou as ações da perícia, explicou que, por conta do erro estrutural no projeto do edifício, dois pilares centrais do prédio que tinham ferros com diâmetro menor do que a necessária não resistiram e levaram a construção ao chão. A chuva que caiu no dia do acidente e os fortes ventos registrados não influenciaram para que a tragédia acontecesse, arrematou o perito. "Pelo que constatamos, o prédio caiu seis minutos após o vento forte. O problema foi estrutural e matemático. Os elementos não estavam integrados", ressaltou Pinheiro.

O perito Silvio Conceição, que também trabalhou durante os 45 dias no local da tragédia analisando os destroços do prédio, afirmou que o engenheiro calculista do edifício cometeu um erro matemático ao fazer a projeção da obra e que o prédio não poderia ter 34 andares. "Quando ele estava fazendo o projeto, considerou pavimento por pavimento, não se importando com o número de andares. O correto seria considerar o prédio como um todo", enfatizou.

Outro problema apontado pelo laudo do CPC está relacionado à questão administrativa. Foi constatado que a construtora não fez a revisão do projeto estrutural do prédio antes de iniciar as obras, o que estaria desrespeitando as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). "Ao finalizar o projeto, a construtora deve repassá-lo para outro profissional, que deverá fazer a revisão do projeto. Isto não foi feito", explicou o perito.

Investigações - Após a divulgação do laudo para a imprensa, o material foi entregue ao delegado Rogério Moraes, da Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe), que afirmou que o resultado do laudo irá resultar em indiciamentos. O primeiro a ser ouvido no inquérito será Raimundo Lobato, o engenheiro civil responsável pelo cálculo estrutural do edifício Real Class.

"Vamos trabalhar com a possibilidade de homicídio culposo, já que três pessoas morreram em decorrência de um erro", disse o delegado. O depoimento do engenheiro está marcado para a próxima quarta-feira (20). Além dele, outras pessoas devem prestar depoimento, como o dono da construtora. A polícia tem até o dia 29 deste mês para concluir o inquérito.
Causas:
1 - Falha na concepção estrutural do prédio - Dois pilares centrais do edifício tinham ferros com espessura menor do que a necessária. Os pilares ficavam próximos ao fosso do elevador, no térreo.
2 - Falha no dimensionamento e detalhamento estrutural - Os ferros que passam dentro dos pilares deveriam ter diâmetro de pelo menos 5 mm, mas tinham 4,2. Isso comprometeu ainda mais a resistência.
3 - Erro de concepção no modelo matemático - O engenheiro calculista fez o projeto considerando pavimento por pavimento do prédio. O correto seria considerar o prédio como um todo.
4 - Normas administrativas - A altura do prédio exigia que a construtora Real Engenharia tivesse um conselho consultivo para avaliar o projeto, o que não foi feito.(Ag. Pará)

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